Todos os anos, o Salão do Livro do Piauí (Salipi) busca trazer inovações, seja na área tecnológica, como social e cultural. Nesta edição, uma das novidades é a inclusão de pessoas com deficiência auditiva, através da participação dos alunos do curso de Licenciatura em Letras-Língua Brasileira de Sinais (Libras).
A estudante Thanmyres Maria Leite Cavalcante, de 27 anos, que está no 4º período do curso de Letras-Libras, e participa pela primeira vez como voluntária no evento. Com a ajuda de um intérprete, ela conversou com a equipe do Jornal O DIA e comentou de suas expectativas, principalmente para os surdos, que têm oportunidade de contribuir para o crescimento do salão e aprendizagem com a vivência em grupo.
Intérpretes de libras estão presentes pela primeira vez no Salão do Livro do Piauí (Foto: Moura Alves/ O Dia)
“Eu tinha muita curiosidade para ter essa experiência e ter esse treinamento, e isso é uma luta para nós, de aprender também. Os ouvintes têm conseguido compreender e se comunicar conosco através da língua de sinais, e essa interação está sendo muito boa”, expressa.
Thanmyres Cavalcante tem diversas funções no evento, desde recepcionar os visitantes, organizar as salas de atividades e entregar as carteirinhas para os inscritos nas palestras, até tirar dúvidas. Segundo ela, mesmo usando a linguagem de sinais, é possível que haja uma boa comunicação entre ela e o público. Quando o ouvinte não consegue compreender a linguagem de sinal, um intérprete auxilia nessa comunicação.
Thanmyres Cavalcante está no 4º período do curso de Letras-Libras, e participa pela primeira vez como voluntária no evento. (Foto: Moura Alves/ O Dia)
“Muitos ouvintes conseguem se comunicar comigo, que sou surda. Nós vamos trocando informações e o que eles não sabem eu vou explicando alguma palavra. Estamos conseguindo trabalhar de modo agradável e isso está sendo muito especial para mim. Antes o Salipi não tinha essa modalidade e agora é a primeira vez que somos incluídos. Os ouvintes e surdos estão sendo incluídos e é muito bom trabalhar com as pessoas, há uma ética toda envolvida e é um trabalho com interação muito boa”, conta, destacando a ansiedade de participar das próximas edições.
A aluna Maria do Rosário Alves, também estudante do curso de Letras-Libra, participa do Salipi pela primeira vez como intérprete. Segundo a voluntária, é uma grande satisfação poder contribuir na comunicação, além de ser uma conquista para os surdos.
“É extremamente importante a participação deles, pois isso ajuda muito para que o surdo possa perceber que a sociedade o aceita, como pessoa e profssional competentes. Aqui eles ajudam em todos os espaços, seja nos bate-papos, na recepção ou com as crianças, tudo vai depender da necessidade do evento”, conclui Maria do Rosário Alves.
Espaço para bate-papo de autores é ampliado no Salipi
Outra novidade do Salipi desde ano é a ampliação do espaço onde é realizado o bate-papo literário, que antes comportava em torno de 80 pessoas e agora tem capacidade de, aproximadamente, 300 pessoas.
Segundo Edilva Barbosa, diretora administrativa do Salão, a necessidade de aumentar o espaço surgiu por conta da grande procura do público e até de autores querendo participar do evento. Nos últimos dois anos, a ascensão dos jovens no Salipi fez movimentar bastante a programação, exigindo uma remodelação nas estruturas.
“O evento cresce tanto a cada ano, que o espaço físico não estava conseguindo comportar a todos, então tínhamos que nos adequar. As propostas de autores deste ano eram muitas, inclusive de alguns querendo participar, então chegou um momento que o auditório estava com a programação fechada e a única opção era dar um novo formato ao bate-papo”, cita.
Nomes como Talita Rebouças, Paula Pimenta, Zack Magiezi, Tico Santa Cruz, entre outros, estavam entre os mais desejados pelo público, além de terem importante representação nas redes sociais, fator importante para que fossem convidados. E já que a presença desses autores é muito esperada, houve também a necessidade de reajustar a logística de acesso, através de pulseiras para quem deseja adquiri um autógrafo do seu ídolo.
“Vale lembrar que todas as atrações e espaços do Salipi são gratuitos e abertos ao público, até que fique lotado. Ninguém paga para ter acesso, exceto aqueles que desejem certificado”, frisa Edilva Barbosa, destacando que o evento estava estagnado, por isso a importância de novas ações para atrair e renovar o público.
Apresentações ganham mais destaque
As noites do Salipi são animadas por grupos locais que visam apresentar um pouco do seu trabalho no Palco Marcus Peixoto. Em anos anteriores, duas bandas se apresentavam por noite, o que limitava o tempo de cada grupo. Nesta edição, ficou definido apenas uma atração por noite, garantindo mais tempo para expor suas produções.
De acordo com Edilva Barbosa, diretora administrativa do Salipi, a expectativa do público com esses grupos é muito grande, sobretudo para quem acompanha o trabalho dos músicos. “São bandas daqui, em geral autorais, e que são super conhecida pelo público. Quando eles começam a afinar os instrumentos, a frente do palco fica lotada. Este ano a programação está bem variada, atendendo todos os públicos”, destaca.
Já no Palco Helly Batista, serão apresentadas atrações de dança de diversos estilos. A escolha dos grupos foi feita através de um edital lançado, no qual os interessados se inscreveram para participar da programação.
Por: Isabela Lopes